Um dos termos que os tutores mais usam para descrever seus cães é, sem dúvida, “hiperativo”.
Geralmente eles querem dizer que o cão é agitado, desobediente, por vezes ansioso, impulsivo e até desatento.
Por um lado, o termo “hiperativo” pode denotar um cão que apresenta tais “problemas” (agitação, desobediência, etc.) principalmente como fruto de tédio, comunicação disfuncional com o tutor, regras pouco claras em casa, treinamento inapropriado ou até ausência do mesmo. Por outro, “hiperativo” pode também significar um caso mais grave, onde tais “problemas” são tão mais profundos, enraizados em gatilhos internos, neuroquímicos inclusive, manifestando-se de forma mais grave e autônoma, caracterizando um verdadeiro distúrbio.
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Em Medicina Humana muitas vezes crianças com transtorno de hiperatividade e déficit de atenção (TDAH) são erroneamente consideradas como indisciplinadas e anos se passam até que tenham um correto diagnóstico. Em Medicina Veterinária vejo muito o contrário: latiu, pulou, sacudiu, fugiu, tem transtorno de hiperatividade. Calma, gente, calma! Cães podem ter o transtorno TDAH, inclusive há semelhanças entre o distúrbio canino e o humano. Mas há diferenças, os casos caninos são raros e o diagnóstico é muito complexo, incluindo testes medicamentosos.
Se este parece ser o caso do seu peludo, procure um profissional do comportamento. Será imprescindível inicialmente passar por um ajuste na forma de agir e de se comunicar com ele, por inserir mais consistência, previsibilidade e estímulos na rotina com ele, por deixar mais claras as regras na casa, por retirar toda e qualquer punição utilizada em seu treinamento. Feito isso, se a hiperatividade persistir, é possível que tenhamos um peludo com TDAH, mas só um médico veterinário poderá, de fato, fazer esse diagnóstico.